terça-feira, 7 de maio de 2013

autobiografia


...dizem que fazia a barba com o cristal que afiava na própria língua, muitas outras coisas dizem, mas o que se sabe mesmo ao certo é que era poeta, bebia e escrevia dentro do silencio dos dias, compulsava alfarrábios, fazia anotações e se alimentava de livros, mas depois do meio-dia, cortejava mulheres, acendia cigarros e declamava  poesia, não trilhava sucesso, não tinha amigos, era pouco conhecido e de muita cortesia, dizem que de certa feita pousara-lhe na boca uma lepidóptera e ao oferecer-lhe a língua, ela azul e deliciosa aceitou, em desconsideração de uma sua companhia, sei que gostava de vinhos e nem mesmo casa tinha, mas amava a todos e pouco caso de si fazia, gostava de estradas, sóis agrestes e noites frias e dizem que foi-se para muito longe, mas que voltará um dia...        

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