...dizem que fazia a barba com o
cristal que afiava na própria língua, muitas outras coisas dizem, mas o que se
sabe mesmo ao certo é que era poeta, bebia e escrevia dentro do silencio dos dias, compulsava alfarrábios, fazia anotações e se alimentava de livros, mas
depois do meio-dia, cortejava mulheres, acendia cigarros e declamava poesia, não trilhava sucesso, não tinha
amigos, era pouco conhecido e de muita cortesia, dizem que de certa feita
pousara-lhe na boca uma lepidóptera e ao oferecer-lhe a língua, ela azul e
deliciosa aceitou, em desconsideração de uma sua companhia, sei que gostava de
vinhos e nem mesmo casa tinha, mas amava a todos e pouco caso de si fazia,
gostava de estradas, sóis agrestes e noites frias e dizem que foi-se para muito
longe, mas que voltará um dia...
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